Tino, Delfi, Ann e Alex: personagens trans
Por NLUCON
Após revelar ao mundo que são pessoas trans, quatro adolescentes de 14 a 18 anos ganham superpoderes e passam a defender a diversidade na humanidade. Eles são protagonistas e estão no mangá “Teen Trans, heróis sem identidade secreta”, do artista uruguaio Leho de Sosa.
A obra repleta de aventura, ativismo, ficção e realidade foi lançada na segunda edição da Semana de Arte Trans (SAT) de Montevidéu, capital Uruguaia, que ocorreu entre os dias 9 e 15 de abril. É considerada o primeiro mangá com o tema trans da América Latina.
Em entrevista à agência de notícias EFE, Leho contou que decidiu criar a história pela ausência de personagens e produtos identitários para crianças e adolescentes LGBTs. Durante muito tempo, não havia referências dentro desse universo para a população. Gay cis aliado da causa trans, ele afirmou que todo o processo demorou um ano e envolveu muita pesquisa. A escrita, segundo ele, foi a parte mais simples.
Na trama, Delfi tem 15 anos e passa a absorver a “energia biodiversa do entorno” e é capaz de canalizá-la em descargas sensitivas. Alex, de 18, recebe o dom de poder modificar sua morfologia e massa corporal, assim como sua força e velocidade. O mais novo, Tino, de 14 anos, consegue canalizar sua jovem e instável energia biodiversa “Sobre seu entorno e controlar massa e espaço-tempo”. Já Ann tem 17 anos, pode voar e tem “poderes variáveis baseados na história e memória coletiva que fluem pelo universo quântico”.
Eles percebem os superpoderes quando tentam evitar um “ataque iminente de um grupo de fundamentalistas liderado por um político LGBTfóbico contra a Marcha da Diversidade no Uruguai. E correm para a luta! Ao contrário de outros super-heróis, eles não tem identidade secreta. Ao contrário, quanto mais eles não se escondem, mais ganham poderes e mais passam a mensagem de que o importante é ser quem você é.
Vale dizer que alguns dos personagens são inspirados em verdadeiros ativistas trans da América Latina. Dentre elas, a argentina Susy Shock, a Comandanta Choque, e a uruguaia Delfina Martínez, a Agente D.
Leho afirma que a obra é importante sobretudo pelo contexto atual em que é inserida. “A América Latina vive atualmente em um retrocesso dos discursos de ódio e incompreensão contra as pessoas LGBT. A mensagem do Teen Trans é que todos juntos, pessoas trans e cis, vamos conseguir vencer. O nosso compromisso é mudar esse tipo de situação”, afirmou.
Demais, né?