A carioca Priscilla Nogueira, mais conhecida como Mulher Pepita, é fenômeno nos bailes funk e também nas redes sociais. Com bom-humor, som “proibidão” e talento para levantar o público, ela também levanta a bandeira do orgulho de ser travesti por onde passa.
Uma travesti de sucesso, com agenda cheia e inserida dentro de uma cultura que durante muito tempo foi predominantemente formada por homens, que disseminavam seus machismos e LGBTfobias. Ali, ela fala sobre travestilidade, poder feminino e sexo sem tabus.
Em entrevista ao Diário do Amazonas, Pepita foi questionada se sofre preconceito por ser trans. Ela respondeu: “Trans não, sou travesti mesmo. Travesti, funkeira e musculosa. Então sofro muito mais preconceito. Mas estou sempre pronta para botar minha cara para bater. Se Deus não agradou todo mundo, não sou eu que vou agradar”.
No dia 18 deste mês, ela recebeu uma homenagem no 1º Prêmio de Cultura e Cidadania LGBT Gilmara Cunha, no Rio de Janeiro, organizado pelo Centro de Teatro do Oprimido e pelo Grupo Conexão. Trata-se do reconhecimento ao trabalho de quem luta a favor dos LGBT que moram na periferia do Rio de Janeiro e contra as opressões que eles sofrem.
“Eu estou acostumada a passar na rua e o cara dizer: ‘quer porra é essa?”. E eu digo: você está acostumado a comer comida azeda, isso aqui é comida fresca”. |
RAINHA DO RANNN
Natural de Marechal Hermes, Rio de Janeiro, Pepita começou a carreira como dançarina de funk em bailes cariocas e fez sua primeira apresentação em São Paulo em 2014. Ela se tornou conhecida nas redes sociais depois que um vídeo não-autorizado foi publicado na internet. Muitos apontaram e ofenderam a funkeira por suas grandes e musculosas coxas.
“Canso de bater nessa tecla de que eu não sou uma perna, as pessoas acham que eu sou só músculo. Eu me considero uma artista, uma pessoa carismática e uma ótima profissional”, declarou na época, evidenciando os preconceitos que a própria comunidade LGBT tem com o corpo do outro.
Pepita resolveu, então, transformar as críticas em música. Lançou “Sou grandona pra caralho”. E, com muito carisma e bom-humor, soube aproveitar a visibilidade, mostrou talento e deu a volta por cima. Ela escutou de muita gente que a criticou anteriormente que ela havia se tornado uma diva. “Mas não sou diva, sou militante. Sou uma pessoa como você”, pontua.
Focando sempre em trabalho, lançou os hits Uma Vez Piranha, em menção ao hino do Flamengo, Tô a Procura de Um Homem, primeira letra que ganhou de um amigo, e levou os fãs à loucura ao aparecer no clipe da música Chifrudo, ao lado da também talentosa Lia Clark. A cena em que Lia diz “Ei Peita” e a funkeira surge falando “Rannn” fez muita gente arrepiar.
Assista:
RAINHA DO RANNNN
Nas redes sociais, a artista também chama atenção de mais de 52 mil seguidores. Solta bordões, convida o público para as apresentações e também mostra os bastidores dos shows. Sempre finaliza os vídeos com alguns dos trechos da música “Uma vez piranha, sempre piranha” ou soltando os bordões “Pau no cu do mundooo”.
Toalha com Pepita estampada |
É constantemente homenageada por fãs que publicam seus trabalhos nas redes sociais. Em uma postagem, ela mostrou uma toalha com sua imagem estampada, também foi transformada em desenhos, princesas da Disney e tem seu bordão “Rannn” utilizado à revelia pelos fãs. Adriane Galisteu declarou ser fã e MC Guimê mandou a sua mensagem.
“Acho bafo (ser uma referência LGBT). Em alguns momentos sou chamada de diva, de rainha, eu vejo que a minha imagem, minha voz e os meus bordões conseguem mudar a mente de muitas pessoas. É muito bacana a resposta do público, para mim é uma renovação. Vou fazer muito pela Mulher Pepita e pela minha bandeira”, declarou ela ao G1 no último ano.
Para o futuro, Pepita prepara novidades com ninguém menos que Valesca Popozuda – sua grande diva – e Leonora Áquilla. E isso é o começo!!! Raaannn!