“Pessoas com deficiência fodem; com força e gostoso”, diz escritora trans Leandrinha Du Art admin Julho 1, 2018

“Pessoas com deficiência fodem; com força e gostoso”, diz escritora trans Leandrinha Du Art

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Por Neto Lucon
Fotos: Mídia Ninja (ensaio topo) e Tassio Lopes

Uma pessoa foda. Forte. Linda. E uma lenda. Essas são algumas das características que podemos destacar em Leandrinha Du Art. Aos 23 anos, ela é fotógrafa, escritora, ativista e palestrante. Também é uma referência para as mulheres trans, travestis, LGBs e pessoas com deficiência.

Leadrinha roda o Brasil falando de sua trajetória para se aceitar uma pessoa cadeirante – ela nasceu com a rara síndrome de Larsen, que afeta o desenvolvimento dos ossos, chegou a passar por diversas cirurgias, até que embarcou no processo de autoaceitação. Depois, disse ao mundo que é mulher trans.

Para quem espera uma história de sofrimento… Ela até fala dos caminhos espinhosos que percorreu, mas faz questão de deixar reflexões positivas e falar sobre o momento ótimo em que vive. Menciona seus privilégios, como o de ter sido aceita pela família, e reverencia as travestis de outrora que morreram pela transfobia e abriram caminho para que ela pudesse estar onde está hoje.

O bate-papo exclusivo com Leandrinha ocorreu por meio de uma chamada de vídeo pelo Facebook (seria pelo Skype caso o som não estivesse zoado). Falamos sobre questões envolvendo o autoconhecimento, transfobias fora (e dentro) do meio, deficiência, amores e sexo. Afinal, ela já está cansada de falar apenas sobre acessibilidade. Sim, pessoas com deficiência fodem. E fodem forte e gostoso!

– Algo que muitas pessoas trans sempre relatam é o conflito com o espelho. Como você lidou e lida com ele?

Primeiro, o maior conflito ocorreu para me entender enquanto pessoa com deficiência. O que me prendia não era o fato de ser trans, era a relação que eu tinha com o meu corpo, com a imagem e com o espelho. Era ser uma pessoa com deficiência e achar, entre aspas, que estava “condenada” a uma cadeira de rodas pelo resto da minha vida e que esse era o maior problema de todos. Agora, me entender enquanto trans eu já me entendia desde pequena. Eu não era um menino. E é óbvio que seria muito mais difícil se eu não tivesse o apoio da minha família. Eu estaria na bosta e provavelmente não teria chegado aonde estou.

– A população trans também acaba cobrando alguns padrões de estética. Isso de alguma maneira chegou a ser uma questão? 

Claro, tentam encaixar as pessoas em determinados nichos e enquadrá-las. O que define ser uma mulher cis? O que define ser uma mulher trans? Parece absurdo, mas existe uma imposição para criar um padrão para quem está fora do padrão. Por exemplo: sinto uma pressão e uma cobrança de um modelo específico de ser trans. Como se ser mulher trans só pudesse ser aquela que odeia o seu pau, aquela que é muito feminina, que tem o cabelão no cu, que faz procedimentos estéticos. Com os homens trans, a cobrança é para que ele seja hétero, que seja peludo, que seja escroto e um macho alfa. Essa imposição da imagem a gente encontra dentro do próprio meio e eu, enquanto pessoa com deficiência, olho para esse meio e falo: então eu não sou uma mulher trans, porque não me enquadro nesse padrão, que nada mais é que o padrão hetero cis normativo branco e religioso, que as pessoas trans também estão pegando como verdade. Mas esse padrão da sociedade heteronormativa branca e religiosa exclui LGBTs e ponto final. A minha sorte é que eu tenho plena convicção de quem eu sou, do que eu preciso ou não para dizer se algo me define ou não. Mas tem gente que se mata para tentar se enquadrar, para tentar ser do nível que essa ditadura de padrões impõe.

– Li em um texto seu que “Não é um corpo perfeito que te faz poderosa, sexy, gostosa, e sim a forma como você se aceita e se ama”. Como se sentir bem e confiante quando as pessoas te apontam?

Não é simples. Levei muito tempo para me entender enquanto pessoa com deficiência. Você tem um corpo diferente dos demais corpos, que já estão o tempo todo se digladiando para tentar se encontrar. É só ver as mulheres cis se matando para ser aquele padrão de beleza. Tem pessoas que morrem sem se descobrir, sem colocar para fora o que realmente são. Mas acho que tudo tem o seu tempo e é muito pessoal. No meu caso, precisei me esconder durante anos para que, hoje, eu pudesse dar meu close de beleza para todo Brasil. Consegui dar um start na minha quando falei: eu tenho um corpo, ele é torto, sim, tem limitações, sim, mas está tudo bem. Passar por cima do problema e fingir que ele não existe é burro e torturante. Eu optei por andar de mãos dadas com o meu problema. Sim, sou diferente das demais pessoas e está tudo bem.

– Aconteceu algo que tenha dado esse start?

Isso mudou quando eu tive a minha primeira relação sexual. Foi um dos meninos mais bonitos da escola, que me parou e falou: “Quero um beijo”. Eu falei: Como pode o menino mais lindo dessa escola querer me beijar? Como ele pode ver beleza em mim, que vivia me escondendo embaixo de roupas largas e que não conseguia me olhar no espelho e me enxergar poderosa, gostosa, desejável, capaz de desejar alguém? Aquilo deu um star na minha cabeça. A hora é agora, eu vou ter que parar, porque as coisas estão passando na minha frente e eu estou presa dentro de mim mesma. Mas tudo leva um tempo para você se entender e se descobrir. Hoje, das pessoas com deficiência LGBT, eu sou a referência dessas pessoas. Mas na minha época eu não tinha referência nenhuma, eu não estava inserida no meio LGBT e não via pessoas com deficiência. Hoje talvez seja mais fácil para você se descobrir, porque está surgindo novos rostos, pessoas pautando as mesmas coisas e você pode olhar e falar: “Eu sou igual essa pessoinha”. 30008054_202069477234950_121781670_n-7219394
– Você também é fotógrafa. O que é o belo para você tendo esse olhar profissional?

Penso que enquanto uma pessoa com deficiência busco olhar a beleza de outros ângulos. Sempre busquei beleza no que era dito não ser belo. E o curioso é que as pessoas mudam suas concepções quando veem aquela beleza na foto. Por meio desse trabalho, provo que posso ser uma fotógrafa de outro ângulo, que posso fazer tão bem ou melhor que muitos profissionais que ditam a beleza, querendo ou não. Pois a fotografia dita beleza, é uma das ditadoras dessa questão. E é revolucionário desmistificar esse mundo fotografando procurando outras possibilidades de belo.

– Suas palestras falam bastante de autoestima. Há a identificação de mulheres cis e não cadeirantes?

Por incrível que pareça, o meu maior público é de mulheres cis e héteros. Eu atinjo em massa a família tradicional brasileira. É gratificante quando eu recebo uma pessoa que fez uma defesa de doutorado e que, por conta das coisas que falei, agora ela consegue transar de luz acesa. Alguém pode achar pequeno isso, mas transar de luz acesa para quem passou a vida inteira transando de luz apagada porque tem vergonha do seu corpo, não há cachê que pague. As mulheres cis vem buscando essas adaptações nos corpos pelas normas que a sociedade impõe e que não são reais, que são coisas absurdas e que não vai rolar. Quando eu conto a minha história e essas mulheres veem que tenho um corpo avesso ao delas, talvez por ser mais debilitado que o delas, elas mulheres se libertam. É libertador. A mulher se olha no espelho e se entende poderosa com os peitos caídos, com estria, magra, gorda… Se eu tivesse escutado o meu discurso anos atrás, eu teria me entendido enquanto pessoa com deficiência com muito mais facilidade.

– Como foi contar para a família que é uma mulher trans?

Eu assumi primeiro a homossexualidade e, depois de uma semana, eu falei que sou uma menina. Minha família me abraçou duas vezes. Ela entende, me abraça e me apoia. Em várias entrevistas que eu dou, o jornalista me pergunta: “me conta a história de preconceito com sua família”. Mas eu não tenho essa história triste para contar. Eu não fui esquartejada, não fui expulsa de casa, não precisei ir para a esquina me prostituir por necessidade, eu sei que ao meu redor não é desse jeito que funciona para grande parte. Eu entendo o meu privilégio e, por meio do meu privilégio, eu tento dar voz a essas pessoas. Sei que muitas morreram para que hoje eu possa falar em cima de um palco para centenas de pessoas. Sei que muitas fizeram sexo com soldados e depois foram assassinadas por eles na ditadura. Sei que muitas tiveram seus corpos queimados para que eu esteja aqui dando essa entrevista. Eu entendo toda essa linhagem e não quero falar por essas pessoas. Mas posso lembrar que elas existem.

– De qual maneira ser cadeirante atravessa sua vida de mulher trans e ser mulher trans atravessa a sua vida enquanto cadeirante?

Existe uma linha tênue entre duas coisinhas. As pessoas colocam as pessoas com deficiência no patamar de pena e glória. Tudo o que elas fazem, dizem: “Oh, uma pessoa com deficiência conseguiu fazer, parabéns, vamos enaltece-la”. E também: “Ah, tadinha, uma pessoa com deficiência, que pena dela”. Já a travesti – e vou usar esse termo, porque é um termo político – a gente sabe que é vista como marginal, como prostituta, quanto pessoa volátil. Mas daí quando as pessoas me veem, elas pensam: “ih, gente fodeu. Eu vou ter que amar, ter pena ou odiar?”. Então, não tem meio termo. Eu sou uma travesti e cadeirante, lidem com isso. Como você vai absorver essa história?

– O que as pessoas precisam saber ainda hoje sobre pessoas com deficiência?

Precisa se atentar que pessoas com deficiência não são uma tribo isolada que fica no meio do mato. Elas estão na sociedade junto comigo, com você, com todo mundo. Tem pessoas com deficiência extremamente transfóbicas, machistas, ruins mesmo. E tem pessoas com deficiência que são boazinhas… Elas precisam saber que a pessoa com deficiência possui algum tipo de limitação, mas que são pessoas comuns, que trabalham, consomem, comem, transam, são CEO de emprega… Temos que parar de enxergar a pessoa através de um vidro, como se elas estivessem lá, longe de mim, e eu aqui. Entender que está todo mundo no mesmo barco, só assim as coisas começam a caminhar. Inclusive a caminhar nas discussões que são feitas. Neto, eu não quero mais ter que ficar falando de corrimão e rampa. Eu não quero mais. Há milênios de anos, desde quando começaram os militantes deficientes, o caralho da discussão é essa. Não que ela não seja necessária, mas a gente tem que avançar. Não adianta nada, nada, nada, colocar uma rampa enquanto a pessoa nem se entende enquanto pessoa com deficiência. Não estou falando só de rampa, mas de mobilidade em geral. Não adianta ter um espaço total inclusivo, enquanto a gente não trabalhar essa pessoa, que nem quer sair de casa. A gente tem que avançar muito nas discussões.

A LEITORA MARIANA QUEIROZ PERGUNTA: “Neto, pergunta para ela quais os preconceitos que ela encontrou dentro da comunidade LGBTQ por ser cadeirante?”

Sabe , assim como as pessoas com deficiência , lgbts também são pessoas boas , como são pessoas ruins , e algumas até lgbtfobicas , acredite! Nunca cheguei a passar por nenhuma situação, mas os olhares existem , e se tem alguém que sabe ler um olhar de opressão e preconceito é o oprimido. 30007365_202069473901617_133612445_n-9295943
– Qual outro assunto você acha que a gente deve falar?

Sexualidade, por exemplo…

– Então vamos falar…

Estou indo no Brasil todo falando: pessoas com deficiência fodem. E elas fodem com força e fodem gostoso. Falar disso é, para além de uma putaria, porque putaria é uma delícia, algo importantíssimo para que deixemos de lado o olhar de pena. É tentar fazer com as pessoas desvendem os seus corpos o tempo todo, é fazer com que a pessoa se entenda enquanto pessoa com deficiência. Para mim, a mobilidade é só um corto para que a pessoa viva nesse mundo. Ela não serve mais para nada a não ser o conforto de ir e vir, porque todo o ser humano tem o direito de ir e vir. Mas, além disso, para que serve a mobilidade? Bem, podem achar que eu esteja diminuindo a luta pela mobilidade, mas não estou. A todo instante estou dando bafo por conta da mobilidade no meu dia a dia, porque vivemos num país que não é preparado para receber pessoas com deficiência, sejam as pessoas que nascem com deficiência ou que ficam deficientes. São mais de 48 milhões de pessoas. Mas, para além da mobilidade, a gente tem que falar de outras coisas, como empregabilidade, sexualidade, falar de ocupar lugares, ter gente na política, dentro das empresas. A gente precisa avançar.

– Você é hétero, lésbica, bissexual… ?

Eu sou hétero… Todos ficam chateados, né? Mas sou uma mulher trans heterossexual (risos). Recentemente, tenho me relacionado com homens trans. É algo novo e está sendo maravilhoso. Acho que a sexualidade vai da pessoa se permitir e vivenciar isso tudo.

– O que significa orgasmo para você?

Acho que ele está mais atrelado a descobrir os seus prazeres como pessoa com deficiência que em ser trans. Tudo isso vem antes e a questão trans encaixa quando você já resolveu essas questões. Eu não sou uma mulher que odeia o seu pau, já começa por aí. Eu adoro o meu pau e trabalho muito bem com ele, obrigada. Nunca foi um problema explorar o máximo da minha sexualidade e os meus contos eróticos, graças a Deus, me fizeram muito conhecida. Aí estamos fodendo desde então. E fodendo muito bem. Com vários de uma vez, fazendo muitas coisinhas interessantes, mas é uma coisa muito particular, porque para muitos pode soar promiscuidade, pecado ou só ser piranha mesmo. Mas para mim, a sexualidade é só algo natural. A gente não tem que ficar se privando de conhecer o próprio corpo. Não é dar igual chuchu na cerca, é se entender e pautar os seus desejos.

– Qual foi a sua melhor descoberta no sexo?

Eu acho que não me prender a esse estigma que a mulher trans é só passiva, só tem que dar de quatro, só tem que ser garotinha. Não me prender a isso me possibilitou muitos prazeres, me deixar exposta a só foder, ao sexo, ao amor, enfim, como queiram chamar. E não me prender a coisas rotineiras, onde o feminino é sempre passivo, onde eu tenho que transar na cama, com a luz apagada. Todas essas questões me fizeram ter uma vida sexual muito mais ampla.

– O que é um bom sexo para você?

Estou tentando imaginar a minha última boa foda. Por mais piranha que eu seja, sou muito romântica. Eu consigo trepar com 200 caras, mas acho que eles não vão ser bons o suficiente a menos que eu gostar de uma pessoa. Para além de uma boa foda, agora vou dar uma de Clarice Lispector, é ter cumplicidade, afeto. Precisa ter, senão é só mais uma foda. Já tive boas fodas que duraram 15 minutos e já passei 4h transando sem parar e me arrependi profundamente. Vai sair um conto meu que o homem fala: “ah, eu tenho que começar a me envolver com mais cadeirantes”, porque eu tinha dado um chá nele. Eu devolvi: “Então tenho que me envolver com menos pessoas ruivas”, porque ele era ruivo. Bem, eles não perdem a oportunidade de serem escrotos.

– Já viveu um grande amor?

Nossa, já. E foi péssimo (risos). Eu não queria falar sobre isso. Mas para você eu falo. Eu já vivi e foi ótimo.

– (risos) Foi péssimo ou ótimo?

(risos) É porque eu sou ainda apaixonada por ele, mas eu tive que abrir mão dele. Registra bem essa frase: “eu jamais ia deixar de fazer o que eu faço, de viver a vida que eu vivo e trabalhar como eu trabalho por causa de pau”. Acima de tudo e de todas as coisas, estou eu. Eu não abrirei mão de mim por ninguém, absolutamente por ninguém. Acho que se permitir vivenciar esses grandes amores é uma tarefa difícil. Se permitir vivenciar esses grandes amores é aprender muitas coisas e você só aprende tomando no cu. E não adianta, esse menino sabe que eu sou apaixonada por ele e as pessoas que eu me relaciono sabem que eu gosto dele, mas há um limite. Deu para entender mais ou menos?

– Deu, sim. O que você faz quando não está viajando, palestrando?

Na atual conjuntura, eu gosto muito de série. Eu estou trabalhando horrores, tenho viajado muito, escrito muito, e não tenho tempo para lazer. O tempo que eu tenho, assisto série. E geralmente com coisas nada a ver com o que eu faço. Se eu assistir, uma série sobre LGBT eu ficaria louca (risos). Não dá, é muita informação. Então eu assisto coisas banais, por exemplo, Grey’s Anatomy, How to Get Away with Murder, As Casas mais Extraordinárias do Mundo. Já assisti todas as séries que envolve advocacia do Netflix. Eu sou formada em direito pela Netflix (risos).

– Neste ano, o que podemos esperar de você?

Eu acho que vem antes apostas, muitos desafios. Esse ano vai ser o momento em que as pessoas vão me ver representando ainda mais as bandeiras que eu levanto. Estamos em ano político, um ano delicado, um ano aterrorizante, porque a gente corre o risco de ter eleito um presidente como Bolsonaro e isso é extremamente retrógrado e aterrorizante. E quem lá de dentro vai representar a nossa comunidade, mulheres, negros, LGBT, pessoas com deficiência e assim vai… ? Dá medo. É por isso que estarei falando cada vez mais que a gente tem que parar de votar em coronel, em político que só pensa em si mesmo e começar a fazer política horizontal, criada pelo povo, junto com o povo e sendo representada pelo povo. A gente tem chances de mudar a história do nosso país. 30007946_202069483901616_1181920828_n-1026004
– Acha que após a morte da Marielle Franco as pessoas que estão envolvidas com pautas dos direitos humanos ficaram assustadas em adentrar na política?

Acho que algumas pessoas recuaram um pouco, mas acho que a maioria teve a sua luta potencializada. Estão com mais força de querer a cara no sol. A gente sabe que a esquerda vai ser alvo, isso é fato. Quando a gente vê uma execução dessa, sabe que a tentativa é de apagar toda uma história, toda uma luta. Dá medo, muito medo. Até que ponto a sua fala incomoda alguém? Até que ponto você está atrapalhando os planos de outras pessoas? Mas acho que isso não cala quem quer lutar por um espaço melhor e igualitário. Acho que só fortalece. Estaremos gritando e defendendo o que acreditamos com mais força. Eu falo por mim, se tiver que tomar um tiro para defender os meus ideais, estou disposta. O momento é esse. Não dá mais para ficar educando uma direita burra, ignorante e que não quer aprender. Já foi o tempo que a gente tinha de tentar convencer essas pessoas de nos entenderem, muitas vezes esquecendo da nossa luta para mudar a cabecinha do outro. Porque a cabecinha dele não vai mudar, porque ele não quer mudar. Se a gente precisar ser agressiva, a gente vai ser. Se precisar ser mais dura, a gente vai ser.

– Tem algo que eu não perguntei e que você gostaria de falar?

Eu queria muito agradecer a você pela oportunidade de escutar a minha história. É uma honra ser entrevistada por um portal que eu sempre li, e que não sabia de quem era, é uma honra mesmo. Acho que é um veículo muito importante que muitas vezes não é valorizado e respeitado, mas que tem um puta papel social.