Por NLUCON
Marvia Malik fez história como a primeira âncora trans de telejornal pela TV Kohenoor, no Paquistão. Logo após o feito, ela foi entrevista pela Deutsche Welle, e contou a sua história de luta, rejeição familiar e superação.
Aos 21 anos, ela afirmou que foi rejeitada pela própria família quando estava na escola e que que suar bastante num salão de moda para conseguir financiar os seus estudos e cursar a faculdade de jornalismo. Ela foi contratada após três meses como estagiária.
“Lutei muito para ser aceita. A parte triste da história é que as pessoas nunca me apoiaram. Eu nunca recebi o respeito que a sociedade normalmente dá a homens e mulheres (cis). Fui vítima de provocações e assédios constantes”, afirmou.
Ela diz que as coisas seriam mais fáceis se tivesse recebido apoio da família. “Quero transmitir esta mensagem a todos os pais: nunca rejeite seus filhos, mesmos que sejam transgêneros. Ame-os, eduque-os e apoie-os. Se você aceitá-los, a sociedade também os aceitará, e eles contribuirão para o progresso do país”, declarou.
Marvia diz que as pessoas trans ainda enfrentam muita discriminação no país e que não são acolhidas pela sociedade. Pelo abandono familiar, muitas acabam sendo obrigadas a trabalhar como dançarinas ou profissionais do sexo.
Marvia diz que está na luta pelos direitos da população trans
“Temos o direito ao emprego e de herdar propriedades. Também deve haver uma conta de emprego para nossa comunidade. No Paquistão, há uma reserva parlamentar de assentos para minorias religiosas e mulheres. Eu reivindico que o governo nos reserve cadeiras tanto na câmara alta quanto na baixa”.
A jornalista também afirma que não se incomoda de ser rotulada como âncora “trans”. Ao contrário. “Eu venho lutando pelos direitos da comunidade trans há muito tempo e talvez tenha que conviver com esse rótulo. Isso é apenas um começo. Se me oferecerem uma posição no governo, estou disposta a aceita-la, pois isso me dará a oportunidade de contribuir para o bem-estar da minha comunidade, que enfrenta muitos problemas no Paquistão”.
Ao comentar como foi sua estreia no telejornal, Marvia declara, todavia, que obteve uma resposta acolhedora. “Estava esperando uma reação normal, mas as respostas e comentários que estou recebendo dos espectadores paquistaneses e de pessoas ao redor do mundo são extraordinárias. Estou muito contente por receber tanto amor de todos. Muitos jornalistas paquistaneses também me enviaram mensagens de congratulações”.
Ela diz que seguirá lutando até conseguir todos os direitos fundamentais.