Clube Esporte Bahia se engaja na luta das pessoas trans
O clube de futebol Bahia anunciou uma ação importante para torcedoras/es e funcionários/as trans e travestis na terça-feira (29), Dia Nacional da Visibilidade Trans. Ele passará a respeitar e permitir o uso do nome social em crachás, carteiras de sócio, procedimentos administrativos ou em qualquer lugar em que o nome estará exposto.
Vale informar que o nome social é aquele que a pessoa trans ou travesti se reconhece, mas que difere do que está em seu registro civil. O respeito ao nome social é importante principalmente quando a pessoa trans não fez a retificação de prenome e gênero no cartório, no qual muda oficialmente a documentação. Ele evita situações de constrangimento, preconceito e violência.
A decisão foi anunciada por meio de nota oficial, que fala sobre a responsabilidade do time e do futebol em combater o preconceito. Ele inicia dizendo que o Brasil é o pais que mais mata travestis e pessoas trans no mundo, segundo o relatório da ong internacional Transgender Europe. Também destaca que, segundo o levantamento do GGB, a Bahia é o terceiro estado com mais mortes violentas no país.
Para o clube, o “futebol amplia sua razão de existir quando cumpre o papel de geração de bem-estar e transformação da sociedade. O futebol une pessoas, reconcilia conflitos e promove igualdade (…) Por outro lado, também se revela como reflexo da sociedade ao se ser, lamentável e paradoxalmente, um ambiente de reprodução de homofobia, machismo, racismo, transfobia e outras formas de preconceito”.
A nota diz que as mudanças no futebol também refletem na sociedade e vice-versa. “Diante disso, é necessário incluir no futebol também a luta das pessoas trans”. Ele ressalta que pessoas trans existem, possuem planos de vida, amam, andam pelas ruas, possuem famílias, merecem cuidados, desejam e precisam atuar no mercado de trabalho. Incluir, garantir a dignidade respeitar e acolher são obrigações emergenciais da sociedade, de seus indivíduos e instituições”.
A medida já está em vigor desde terça-feira-feira (29) e o clube já passou a respeitar o nome social das pessoas trans ou travestis, sejam elas sócias do Bahia, funcionárias do Bahia, torcedoras do Bahia, de outros clubes ou de nenhum. A novidade contou com mais de 11 mil curtidas no Instagram.
Leia a nota na íntegra:
“O Brasil é o país que mais mata travestis e pessoas trans no mundo, de acordo com o relatório da ONG Internacional Transgender Europe (TGEU). O número de assassinatos é três vezes maior que o do segundo colocado na pesquisa, o México.
As pessoas que sobrevivem a esse massacre convivem diariamente com diversas formas de opressão, seja no ambiente familiar, nas ruas, nas escolas, nas faculdades, nas redes sociais ou no ambiente de trabalho – quando raramente conseguem acesso ao emprego.
Tal contexto acentua outro desafio relacionado às pessoas trans: a depressão. Um estudo do National Center for Transgender Equality revela que 40% das pessoas trans já tentaram acabar com a própria vida. Em outra pesquisa, na Universidade da Califórnia, revela-se que as pessoas trans pensam em suicídio 14 vezes mais em comparação à população geral.
Segundo levantamento do GGB, a Bahia é o 3º estado em mortes violentas de pessoas LGBT.
O futebol amplia a sua razão de existir quando cumpre o papel de geração de bem-estar e transformação da sociedade. O futebol une pessoas, reconcilia conflitos e promove igualdade. Diante do nosso time, assim como deveria ser na vida, todos somos iguais. Por outro lado, também se revela como reflexo da sociedade ao se ser, lamentável e paradoxalmente, um ambiente de reprodução de homofobia, machismo, racismo, transfobia e outra muitas formas de preconceito.
Mudanças no futebol refletem na sociedade. Mudanças na sociedade refletem no futebol. Futebol e sociedade, portanto, são uma só coisa.
Diante disso, é necessário incluir no futebol também a luta das pessoas trans.
As pessoas trans existem, possuem planos de vida, amam, andam pelas ruas, possuem famílias, merecem cuidados, desejam e precisam atuar no mercado de trabalho. Incluir, garantir a dignidade, respeitar e acolher são obrigações emergenciais da sociedade, de seus indivíduos e das instituições.
Hoje, 29 de janeiro de 2019, Dia Nacional da Visibilidade Trans, o Esporte Clube Bahia reafirma a sua luta por um mundo mais justo, humano e igual e anuncia o uso do nome social em todos os seus procedimentos administrativos, a partir desta data.
Respeitaremos o nome social das pessoas trans sejam elas sócias do Bahia, sejam elas funcionárias do Bahia, sejam elas torcedoras do Bahia ou sejam elas torcedoras de outros clubes (ou de nenhum).
O nome social passa a ser o nome oficial no crachá, na carteira de sócio e onde for necessária a exposição do nome da pessoa.
Bahia, clube de todxs”.