Os direitos das pessoas trans continuam ameaçados nos EUA. Nesta terça-feira (22), a Suprema Corte autorizou por meio de votação que Donald Trump bloqueie e proíba a contratação de soldados que sejam pessoas transgêneras, até que a Justiça tenha uma decisão final.
Por nove votos a cinco, a Corte derrubou temporariamente a liminar da Justiça Federal da Califórnia, implementada por Barack Obama, que permitia pessoas trans a servirem nas Forças Armadas desde 2017. O pedido foi do atual presidente, que pediu a intervenção com urgência antes novas contratações fossem feitas.
Trump alegou por meio de vários tweets que a contratação de pessoas trans representava “um grande risco para a eficácia e a potência letal dos militares”. Ele também argumentou que os custos das cirurgias de pessoas trans, que seriam bancadas pelo Exército, seriam altas.
Vale dizer que todas as justificativas para barrar pessoas trans se baseiam em opiniões pessoais, muitas vezes vistas como meramente transfóbicas e que não apresentaram qualquer fundamento teórico ou prático. A Associação Médica Americana (AMA) se pronunciou dizendo que as cirurgias para pessoas trans não seriam caras para o Exército, tendo um acréscimo entre 0,01% e 0,13% do orçamento.
A decisão de barrar pessoas trans ocorre até o fim da batalha judicial. A Corte não decidiu o mérito da questão, como pediram os advogados da Casa Branca. A Corte da Califórnia ainda deve votar sobre o caso nos próximos dias.
Diversas pessoas saíram às ruas dizendo que a decisão foi altamente preconceituosa e que desrespeitava os direitos humanos das pessoas trans. Artistas como Sia, Rita Ora e Tatiana Maslany fizeram manifestações nas redes sociais dizendo que “direitos trans são direitos humanos”. Até mesmo a ex-esportista Caitlyn Jenner – mulher transexual que fez campanha para Trump – declarou que ele vem sendo um péssimo presidente para a população LGBT.
Estima-se que há entre 1.320 e 15.000 pessoas trans nas Forças Armadas norte-americanas de um total de 1,5 milhão de soldados.