Eu andei escrevendo sobre você Já não sei se é para você ou para mim
Só sei que andei escrevendo sobre você.
É difícil admitir que somos um só Você pertence a mim, quem diria…
Meu corpo. Meu traje. Minha carne. Meu escudo.
Em grande parte dos dias eu detesto você Me perdoe, sei que está fazendo tudo o que pode por mim
Sei que está se transformando no seu limite
Eu quero respeitar você, sei que preciso. Mas hoje eu quis rasgar você, te destruir completamente
Hoje eu pensei em te descartar como um simples papel de bala..
Eu sei que a culpa não é sua É preciso ser paciente
Somos apenas um
Espero que possa me perdoar pelos dias de maus tratos Eles se tornarão cada dia mais escassos
Ainda preciso te aceitar e respeitar
Os dias vão passando e a bagunça também Nós estamos nos adaptando
Redescobrindo como é viver
Esse corpo já me aprisionou e sufocou Mas hoje entramos em um consenso: chega de ódio, chega de punição
Afinal cada um de nós é apenas um corpo em transição.
Nicolas N. Mardem
Goiano, homem trans de 18 anos e estudante de letras na UFJ.
São esses comentários que nos faz acreditar que, apesar de toda desvalorização, ataques e falta de apoio, o trabalho não foi em vão. Obrigado!!!