Quatro casos de uma nova variante do HIV foram registrados no Rio Grande do Sul e em outros dois estados. Veja se há riscos para quem vive em Florianópolis.
Uma nova variante do vírus da imunodeficiência humana (HIV) foi detectada em quatro casos nos estados do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Bahia, de acordo com um estudo realizado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Até agora, essa variante não foi encontrada em outros países.
O estudo revelou que a variante combina genes dos subtipos B e C do HIV, predominantes no Brasil, sendo classificada como um vírus recombinante. Um trecho do estudo explica:
“O subtipo C é responsável por quase metade das infecções por HIV-1 no mundo (46,6%), enquanto o subtipo B tem distribuição global. As cepas recombinantes estão amplamente espalhadas, e estima-se que sejam responsáveis por quase 23% das infecções mundialmente.”
No Brasil, os subtipos B e C são responsáveis por 81% dos casos de HIV. O surgimento da variante recombinante ocorre quando há co-infecção de dois subtipos em uma mesma pessoa.
Novas variantes podem adquirir características que aumentam a transmissibilidade, carga viral e surgimento de mutações. No entanto, mais estudos são necessários para entender completamente o impacto dessa nova variante.
A descoberta dessa variante ocorreu em 2019, após a análise de cerca de 200 amostras de pacientes infectados no Hospital das Clínicas de Salvador. Após identificar a variante, os pesquisadores compararam seu genoma com bancos de dados públicos que contêm sequências genéticas do HIV.
Essa nova variante do HIV representa algum risco?
Em entrevista ao Floripa.LGBT, o médico Ronaldo Zonta, coordenador da Iniciativa “Pare o HIV Floripa”, afirmou que não há motivo para pânico. Ele ressaltou que a vigilância e o monitoramento para novas variantes do vírus ocorrem regularmente no Brasil.
Além disso, Zonta afirmou que essa variante não altera o tratamento ou a prevenção do HIV:
“Hoje, o HIV mata por preconceito, estigma e discriminação, pois isso afasta as pessoas de fazerem o teste, descobrirem o diagnóstico e iniciarem o tratamento o quanto antes, além de usar métodos de prevenção. A discussão sobre novas variantes reforça a necessidade de lembrarmos que o HIV ainda é uma epidemia, presente na vida de muitas pessoas, e que não faz distinção de cor, raça, idade, orientação sexual, identidade de gênero ou classe social.”
Ele recomenda que qualquer pessoa sexualmente ativa faça o teste de HIV e outras ISTs pelo menos duas vezes por ano, destacando as estratégias de PrEP e PEP como eficazes na prevenção e tratamento do HIV.
Em Florianópolis, é possível realizar o autoexame de HIV em qualquer Centro de Saúde. Também é possível solicitar o kit de autoexame pelo projeto “A Hora é Agora” para fazer em casa, ou retirar anonimamente em um armário digital na rodoviária. Além disso, o kit está disponível em algumas unidades de saúde parceiras do projeto.