Neto Lucon é um jornalista de 30 anos inquieto, criativo, corajoso e conhecido por defender a causa trans – tendo o trabalho reconhecido pelo movimento social de travestis, mulheres transexuais do Estado de São Paulo. Recebeu o prêmio Thelma Lipp durante o Encontro Regional Sudeste 2014 e foi um dos três homenageados do prêmio Claudia Wonder, durante a Semana da Visibilidade Trans 2015, na SP Escola de Teatro. .
Há pelo menos 14 anos, utiliza de sua profissão para dar voz a grupos, pessoas e causas invisíveis – desde os gays, negros, idosos, profissionais do sexo. Amante das artes e da televisão, também divulga obras e trabalhos de artistas e comunicadores.
Durante a infância e adolescência, criou fanzines,escreveu poesias para um jornal teatral, blogs sociais e divulgou trabalhos e reflexões na internet sobre Solange Vega e Bianca Soares, personalidades de reality shows a quem julgava sofrer preconceito pelo público.
Iniciou a carreira jornalística em 2005 no periódico O Regional, do interior de São Paulo, atuando em todas as editorias, de esportes, cultura a política. Em dois suplementos especiais, entrevistou personalidades – tais como Mauricio de Sousa, Regina Volpato e Victor e Leo – e chamou atenção dos leitores ao escrever histórias de vida de cidadãos comuns.
Pela primeira vez, a população passou a se ver com importância nas páginas e a resgatar a autoestima. Dentre os mais de 30 perfis, Neto recuperou as lembranças de uma conhecida pipoqueira da cidade, que aos 80 anos encostou o carrinho. Divulgou o trabalho de uma professora aposentada que voltou a dar aulas de português aos 70. E ressaltou o talento de um lutador, que conseguiu juntar dinheiro para competir na China.
Perfis de pessoas e exemplos fantásticos da cidade
No Dia dos Pais, uma reportagem sobre pais esquecidos em asilos
Também marcou o jornal interiorano ao trazer uma entrevista de duas páginas como a ex-garota de programa Vanessa de Oliveira, uma entrevista com a atriz Leila Lopes [que na época havia feito um filme pornô] e colocar a mulher transexual Roberta Close na capa do caderno Mulher. Foi uma verdadeira ousadia para uma cidade conservadora, encarada de maneira muito positiva pelos leitores, que até reclamavam quando o suplemento faltava.
Foi através dessas matérias que entendeu que poderia utilizar o jornalismo como uma ferramenta de transformação social e de voz às fontes que geralmente não têm voz. Com respeito, tocava em profundas feridas e trazia, por exemplo, uma reportagem com pais esquecidos em asilos no Dia dos Pais. E reflexões sobre ser negro num país racista que não se reconhece como tal.
Quando o jornal estendeu-se para a tevê, em 2008, gravou o quadro “Eventos da Região”, exibido pela Band Campinas, e entrevistava artistas em eventos culturais. Mesmo nas matérias sobre cultura e entretenimento, procurava levar informação e conteúdo reflexivo.
Ex-garota de programa e Roberta Close deram o que falar em jornal interiorano
Entrevista com Mauricio de Souza
Por tais reportagens, o jornalista foi eleito o segundo melhor profissional da publicação, por onde ficou até o fim da faculdade, em 2009. Também recebeu um prêmio da PUC- Campinas por uma matéria sobre o trabalho de artistas cover, destacando o trabalho de um cover de Elvis Presley.
Disposto a utilizar o seu trabalho para iluminar e esclarecer temas esquecidos pela sociedade, Neto escreveu o livro reportagem Por um Lugar ao Sol, que aborda travestis e transexuais inseridas no mercado formal de trabalho. Com 5 perfis diferentes – uma enfermeira, uma professora, uma cantora, uma policial e uma trans que trabalha na produção de celulares – ele desmistificou a ideia de que travesti só trabalha com prostituição.
Com Geia Borgi e Janaina Lima, enfermeira e pedagoga do livro
Em 2009, abraçou com responsabilidade a causa LGBT ao trabalhar durante dois anos na revista Junior, destinada a gays jovens. Morando em São Paulo, escreveu [entre as várias reportagens] sobre a vida de gays cegos, a rotina de idosos gays moradores de asilos, as angustias de padres gays, a peleja homens trans na infância e sobre o assassinato de Alexandre Ivo, adolescente de 14 anos vítima de homofobia.
Também tirou fotos de modelos, produziu e fotografou a primeira campanha brasileira a favor do casamento gay – a Sim, Eu Aceito – escreveu sobre artistas que tinham alguma relação com a comunidade e sobre cultura de televisão. Ao mesmo tempo, terminou a pós-graduação em Jornalismo Literário, pela Academia Brasileira de Jornalismo Literário.
Seu trabalho mais marcante na academia foi uma delicada reportagem Beijo no Asfalto, sobre um homem gay em situação de rua, a quem prometeu um beijo após uma conversa. É necessário que o leitor atravesse o texto inteiro e se informe sobre a triste realidade para saber se a promessa foi [ou não] cumprida.
Todas as revistas com textos de Neto Lucon
Após dois anos, escreveu densas reportagens para as revistas ACapa, Bear Mais Magazine, os sites Caras Oline, Yahoo!, Virgula, E+ [ do jornal Estadão]. Ele destaca a reportagem sobre a vida de garotos de programa, as entrevistas com Rogéria, Gabriela Spanic, Munhoz e Mariano, Gloria Perez, Palmirinha, Elza Soares, Zé do Caixão, entre outros.
Com Elza Soares, foi o primeiro a entrevistá-la após a delicada cirurgia na cervical. A cantora do milênio falou abertamente sobre futuro, morte, saúde e de suas histórias de amor.
Também foi responsável por trazer o primeiro ensaio com uma travesti para o Virgula Girl, revelando a beleza da Patricia Araújo. O ensaio teve mais de 1 milhão de acessos na estreia e é um dos mais acessados da página até hoje.
Criou a página NLucon, em que entrevista divas da noite gay, escreve reportagens e faz críticas sobre televisão e comportamento. A página soma mais de 30.000 leitores, um milhão de acessos mensais e já pautou grandes veículos como o jornal O Globo, o Estadão, dentre outros.
Hoje, o jornalista foca neste trabalho, que é apoiado por pessoas e empresas que acreditam que a melhor de se combater o preconceito é com informação. Uma informação de credibilidade, levada a sério, com arte e olhar apurado.
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