Amigas trans e cis decidem ser mães juntas: “Relação amorosa, mas de amizade” admin Novembro 15, 2018

Amigas trans e cis decidem ser mães juntas: “Relação amorosa, mas de amizade”

A estudante Luiza Valentim foi uma das entrevistadas do quadro “Quem Sou Eu”, exibido pelo Fantástico, da TV Globo, no domingo (26). E mostrou a sua história de aceitação familiar e também o desejo de ser mãe ao lado da amiga cis, Graziele Machado da Silva.

Grazi ajudou Luiza com roupas e esteve ao lado dela durante toda a transição de gênero. Até que chegou o momento em que Luiza iniciaria o tratamento hormonal e sabia que teria dificuldades para ter um filho biológico.

Então, ela fez uma proposta para a amiga: que elas fossem mães juntas. “E a gente decidiu ter o filho, e hoje está aí essa coisinha”, declara Grazi com carinho. É o filho de duas amigas, que nunca tiveram romance, apenas uma forte amizade. Ela podera: “Uma relação amorosa, mas de amizade”.

A criança ficou com Grazi durante o período de amamentação e logo depois foi morar com Luiza, em Serra do Cipó, Minas Gerais. Grazi está trabalhando como vendedora em Belo Horizonte e, assim que se estabelecer, elas vão compartilhar a guarda da criança.

Elas afirmam que não é uma família convencional, mas que é cercada de muita cumplicidade, carinho e amor. “Totalmente fora do padrão, do jeito que eu queria”, diz a amiga cis. Pelas imagens, é possível ver que o pequeno esbanja felicidade ao lado das duas mães. 

A VIDA DE LUIZA

Na reportagem, Luiza também contou um pouco da sua experiência enquanto filha. Ela passou anos escutando que tinha que engrossar a voz, andar direito, que era homem e não poderia ser mulher. “Já apanhei dentro de casa por simplesmente dançar”. Até os 22 anos, ela se achava uma “aberração da natureza” e aos 23 procurou ajuda.

“Meu primeiro atendimento foi pelo SUS, eu tive crise de síndrome do pânico. Chegando lá, me encaminhou para um psicólogo, que fez uma investigação básica desde a infância, mesmo porque (essas questões) estavam escondidas’, declarou. Ela entendeu que era uma questão de identidade de gênero.

Após falar para os pais que era uma mulher transexual, houve a aceitação: “Ela chegou para mim e falou ‘Mãe eu acho que sou transexual. É uma mulher no corpo de homem. Eu fiquei passada, sem entender. Mas ela começou a me explicar e fui vendo que é uma coisa própria da natureza, que não é opção”, declarou a mãe Maria Aparecida Cristino.

Aos 26 anos, Luiza passou pela cirurgia que vai retirar o pomo de adão e também vai passar pela cirurgia de readequação sexual (genital) em uma clínica particular do Rio. Os pais é que vão pagar a operação. “Eu tenho vários outros sonhos, mas esta cirurgia é uma forma de aumentar a minha qualidade de vida. Eu me sentia como uma pessoa deficiente. É um divisor de águas na minha vida”.

Que venham muitos outros sonhos – como o de ser engenheira – e conquistas!