O quadro Quem Sou Eu?, exibido pelo Fantástico (TV Globo) nesse domingo (26) contou a história de Thais Rocha, de 21 anos, que desde cedo soube que teria que depender de si mesma para poder ser uma mulher transexual e sobreviver.
Ela é de Santa Maria da Vitória, na Bahia, e diz que desde sempre sua família soube que ela era diferente. Mas quando as diferenças se tornaram evidentes, simplesmente a expulsaram aos 16 anos.
“Minha mãe, minha vó, minhas tias sabiam que eu tinha um jeito diferente, né? Elas tentavam me ‘corrigir’ me batendo, me colocando de castigo. Eu sou do interior e lá as pessoas não têm conhecimento do que é uma pessoa transexual. Fui tomando hormônio por conta própria, começaram a notar meus seios e o meu corpo feminino, daí eles decidiram me expulsar de casa”.
Atualmente, ela mora em Curitiba e, assim como muitas travestis e mulheres trans, esteve na profissão do sexo para se manter. “Não me deram nada. Eu tive que me virar”, declara ela, que esteve sujeita a todo tipo de violência, agressão e pessoas.
Aliás, o convivo direto com a transfobia em vários ambientes faz com que muitas pessoas trans sejam excluídas e também se excluam. “Hoje em dia muitas trans têm medo de ir ao shopping, de ir em uma pizzaria porque já sabe como vai ser recebida. É uma vida solitária. Família e amigos vão se afastando de você, por viver na condição que sempre se sentiu”, lamenta.
Thais afirma que tem saudade da família e que, talvez se não fosse a exclusão pudesse ter uma realidade diferente. “Se aceitação fosse diferente, talvez eu pudesse estar estudando, ter ingressado numa faculdade”, afirmou ela, que sonha se tornar um dia publicitária. A reportagem mostrou várias pessoas trans que tem sonho de se ingressar no mercado formal de trabalho.
Manuela, que está desempregada e sonha ser produtora cultural. Dandara Vidal que é assistente administrativa e sonhar em ser atriz. Gustavo, que é gerente de loja, e sonhar em ser professor de educação física. Renata Peron, que é recepcionista, e sonha em ser cantora. Robis Ramirez, que é stripper, e quer ser administrador. E Rafaela, que é profissional do sexo, e quer ser coreógrafa.
A jornalista Renata Ceribelli faz um parelelo e diz que a expectativa de vida de uma travesti ou mulher transexual não passa de 35 anos. E que de 2016, 133 pessoas trans foram assassinadas no país. Neste ano, já foram pelo menos 33 assassinatos.
Que Thais não faça parte destes dados, que consiga ser muito feliz e realizar os seus sonhos.