Dois estudos publicado na revista da American Association for Clinical Chemistry (AACC), Chemical Chemistry, informa e indica que a terapia de reposição hormonal (TRH) para mulheres trans é tão segura quanto o controle de natalidade feito por mulheres cis.
O primeiro estudo, realizado pela Universidade Washington, em Seatle, analisou os riscos de coágulos sanguíneos para aquelas que tomavam estrogênios como parte de sua terapia hormonal.
A pesquisa descobriu que 2,3 coágulos sanguíneos apareceram para cada 1.000 pessoas trans ao ano. O número é inferior ao que ocorrem com mulheres cis na pré-menopausa, que tomam o controle de natalidade: a taxa de coágulos é de 3,5 para 1.000 pessoas por ano.
Dina N. Greene, a pesquisadora que liderou o estudo, declarou que há riscos de eventos trombóticos (coágulos sanguíneos se desenvolvendo no sistema circulatório humano), mas que a terapia hormonal de pessoas trans é tão segura quanto tomar remédios para controle de natalidade – pelo menos quando o assunto são a formação de coágulos sanguíneos.
Ainda assim, é importante ressaltar que os números para as duas categorias permanecem elevados em comparação com a população em geral que não passam por tais procedimentos. Coágulos sanguíneos ocorrem em média entre 1,0 a 1,8 a cada 1.000 por ano.
SEGUNDO ESTUDO
O segundo estudo, que ajudou a respaldar os resultados do primeiro, descobriu que homens trans e mulheres trans que foram submetidos a terapia hormonal a mais de 10 anos não tiveram nenhum aumento de doenças cardiovasculares.
Há alguns anos, estudos indicavam que mulheres trans poderiam ter um risco maior. Porém, descobriu que o risco ocorria devido ao uso do “etinilestradiol”, medicamento de estrogênio que não é mais prescrito.
É PRECISO DE MAIS ESTUDOS
Apesar dos estudos é preciso salientar que há uma ausência de referências médicas anteriores do campo da medicina para falar sobre a hormonioterapia de pessoas trans. Os dados disponíveis são em grande parte inconclusivos e ainda não são feitos em grande escala com a população trans.
É necessário que haja mais estudos sobre o assunto, sobretudo sobre os efeitos da terapia hormonal a longo prazo.
“Apenas cerca de metade das escolas de medicina dos EUA e do Canadá ensinam conteúdo sobre a transição de gênero, enquanto os Institutos Nacional de Saúde não acrescentam uma opção de financiamento para pesquisa sobre transgêneros até 2017”, diz a AACC.
A pesquisa foi apresentada estranhamente na edição de saúde masculina da Clinical Chemistry. Em comunicado, a AACC justificou: “Esta questão também visa reduzir as disparidades de saúde promovendo o diálogo entre os campos de saúde de homens e mulheres, cis e trans”.