Dih Isidoro, Theo Cavalcanti, Theo Dirk, Pedro Henrique Malheiros, Theo Fish, Gab Meinberg, Guilherme Maia, e Benício Teixeira (sentado está Kaio de Lucca).
Uma rede de apoio formada por 11 amigos homens trans do Rio de Janeiro – cuja história inspiradora foi contada pelo NLUCON, clique aqui – realiza desde o início deste mês uma vaquinha online para angariar fundos, custear e realizar o sonho da cirurgia “mastectomia masculinizadora” (como eles chamam) ou “mamoplastia masculinizadora” (termo médico para o procedimento).
A cirurgia consiste em retirar o volume e masculinizar o peitoral. Ela é mais que uma vontade estética, mas uma necessidade para saúde, uma vez que interfere diretamente na saúde mental, física e na vida cotidiana de muitos homens trans. Muitos dizem que o uso contínuo de binders e faixas compressoras causam diversos danos e lesões na região. Eles também alegam que os caracteres os tornam expostos a violações e violências.
Com o valor de R$ 53 mil, que devem ser alcançados até dezembro de 2019, eles pretendem realizar o procedimento (preço do cirurgião + 3 mil para cobrir o hospital) de 5 amigos. São eles: Theo Cavalcanti, Theo Dirk, Dih Isidoro, Pedro Magalhães. Já Gabriel Oliveira só precisa de uma parte para completar o valor do procedimento e internação.
Aos 21 anos, Theo Dirk afirma que a necessidade da cirurgia existe desde a adolescência, quando seu corpo começou a mudar e os caracteres sexuais secundários começaram a desenvolver. “Quando os peitos começaram a crescer era uma tortura. Eu não sabia ainda que era trans, mas só tinha esse sentimento. Tinha 13 anos e sempre usava roupas largas e que ficassem retas, porque sentia que só ficaria bonito assim. Cheguei a tentar “aceitar”, mas isso foi antes de ter a consciência de que sou trans. Hoje, me reconhecendo como sou, sinto que preciso de liberdade”.
Gabriel Oliveira, de 26, declara que a cirurgia é importante porque impacta diretamente em como ele se enxerga. “Para muitos meninos, que assim como eu tem disforia, é como se algo ainda não encaixasse. Como se não me visse 100%”, declara. “É desconfortável tanto psicologicamente quanto fisicamente. Isso porque usamos binder ou fita micropore e eles incomodam demais, porque aperta, dá dor nas costas, marca o corpo, machuca a pele. Fora questão de saúde, pois com a testosterona o seio vai atrofiando e chega uma hora que é necessário tirar. Vira e mexe, preciso fugir para o banheiro tirar o binder por falta de ar.”, explica.
Do grupo, apenas três conseguiram realizar a cirurgia até o momento de maneira individual e particular. A cada conquista, eles se encontram para comemorar no que chamam de EnconTrans e tiram lindas fotos. Um desses registros, onde Gabriel Meiberg e Theo Fish aparecem descamisados e comemorando a cirurgia, viralizou nas redes sociais. Mas a maioria não consegue arcar com os altos custos – média de 13 mil reais – e se vê sem expectativas diante da demorada fila do SUS.
“Decidimos fazer essa Vakinha juntos para somar forças e tentar tornar nosso sonho realidade: queremos que essa foto fique cada vez mais descamisada. Qualquer quantia representa ficar mais próximos do nosso objetivo”, diz a mensagem da Vakinha.
Segundo Gabriel Meiberg, que já realizou a cirurgia, o procedimento realmente fez a diferença em sua vida. “É claro que não são todos os homens trans que sentem essa necessidade, mas, para os que sofrem com disforia, a retirada dos seios representa um passo enorme em direção à liberdade. No meu caso, quanto mais efeito o hormônio fazia, mais a disforia com os seios aumentava. Era difícil olhar para o espelho. Após a cirurgia, fiquei mais confiante, mais confortável comigo mesmo e com uma autoestima muito melhor. Fora que o binder machucava muito, irritava a pele. Também é uma questão de segurança, uma vez que eu ficava preocupado de alguém perceber e eu passar por alguma situação complicada”.
Theo Cavalcanti, de 28 anos, a expectativa da cirurgia ainda vem como uma necessidade, tanto em atividades comuns do cotidiano. “Quero fazer para me sentir bem comigo e com meu corpo, tanto no físico quanto no mental. Gostaria de sair do banho e amarrar a toalha na cintura e não precisar sair de top ou enrolado na toalha. Gostaria de não precisar usar binder ou fita o tempo todo, porque as pessoas podem ficar olhando e me incomodando”.
Já para Gabriel Oliveira e Theo Dirk os sonhos se encontram: “Desejo ir para a praia, tirar a camisa e voltar a usar camiseta branca”, diz Gabriel. “Quero ir à praia e tirar a camisa sem julgamentos, quero ficar sem camisa se eu tiver com muito calor”, conclui Theo. Registros que o NLUCON terá o prazer de fazer e divulgar assim que a meta for batida e a cirurgia for realizada com sucesso.
Você pode ajudar a realização desse sonho doando qualquer valor neste link aqui.
- Vale dizer que nem todo homem trans almeja ou pode passar pela cirurgia no peitoral e que nem por isso eles deixam de ser homens ou devam ter suas identidades de gênero ou transgeneridade derespeitadas.