Jaqueline Gomes de Jesus fez história na noite de quarta-feira (08), Dia Internacional da Mulher. Ela foi a primeira mulher transexual e negra a receber a medalha Chiquinha Gonzaga, na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
A honraria é concedida às mulheres que tenham se destacado em prol dos direitos humanos, artísticos, democráticos e culturais.
Jaqueline dá aulas de psicologia no Instituto Federal do Rio de Janeiro, é ativista dos direitos LGBT e da população negra, pesquisadora, escritora e uma das únicas duas mulheres transexuais doutoras no Brasil. Ela assina o livro Transfeminismo: teorias e práticas, o primeiro em língua portuguesa.
“Por ser uma mulher trans e negra, digo que os preconceitos são multiplicados. Então, existe muita invisibilização do que eu já fiz e do que eu faço, não só das minhas produções intelectuais, pesquisas e reflexões, mas de toda a minha história e formação. E eu acredito que receber essa medalha e ser reconhecida pela sociedade em termos humanísticos, culturais e sociais é uma grande honra”, disse ao NLUCON.
Durante a cerimônia e nas redes sociais, Jaqueline falou sobre a importância da representatividade e disse que somente com a presença da vereadora Marielle Franco, uma mulher e guerreira negra na Câmara Municipal do Rio, é que foi possível receber a condecoração.
Jaqueline e Claudio Nascimento |
Com as equipes do Instituto Federal dio Rio de Janeiro Belford Roxo e do gabinete da Marielle Franco |
Lana de Holanda e Jaqueline Gomes de Jesus |
“A participação de Lana de Holanda (que é estudante de serviço social da UFRJ, militante trans e assessora parlamentar) no gabinete da vereadora foi extremamente importante para tudo isso ter sido possível. #representatividade”.
Marielle Franco destacou o pioneirismo: “Histórico! Pela primeira vez, uma mulher negra e trans ganhou a medalha Chiquinha Gonzaga, a maior homenagem da Câmara Municipal do Rio à uma mulher. Com muito orgulho, o nosso mandato entregou a medalha para a Jaqueline Gomes de Jesus, no Dia Internacional da Mulher”.
Jaqueline disse que a condecoração é relevante e traz empoderamento para as mulheres trans e negras, que estão sendo reconhecidas em sua diversidade. Ela diz também que seu ativismo é mais intelectual que orgânico. “Eu não sou uma militante ligada a alguma instituição. A minha militância está no que eu escrevo, na escrita acadêmica e em alguns artigos de reflexão a partir da psicologia”.
O momento contou com a presença de amigos e apoiadores, como Claudio Nascimento, que era coordenador do Rio Sem Homofobia, o professor do Instituto Federal do Rio de Janeiro Rafael Almada, o advogado Humberto Adami, que é presidente da Comissão da Verdade da Escravidão Negra no Brasil, a desembargadora Ivone Caetano, dentre outros. Parabéns!