Por NLUCON
O jornalista Luiz Bacci desrespeitou a identidade de gênero de uma travesti que foi assassinada na última semana, em reportagem do Cidade Alerta, da TV Record. Ele, que apresentava o jornalístico policial, tratou Paola Oliveira (Moreira Silva) no masculino mais de 10 vezes e ainda informou o nome de registro dela.
Paola tinha 33 anos e foi assassinada a tiros na noite de terça-feira (10) por Edson da Silva, de 35 anos, em Luziânia, Goiás. Nas filmagens, é possível ver o rapaz se aproximar dela em um ponto de ônibus e disparar quatro tiros. Ele alegou que havia sido furtado e que se assustou com a movimentação dela, pensando que estava com uma arma. A polícia, todavia, não encontrou nenhuma arma com ela.
Na reportagem do Cidade Alerta, Luiz Bacci referiu-se a Paola diversas vezes como “o travesti”, “esse travesti” e informou diversas vezes o nome de registro. No GC, o título: “Travesti morto: a confissão do matador” e “Travesti atacado: detalhes do crime”.
Diferente de Bacci, a repórter Aline Barcellos chegou a tratar a travesti no feminino, mas também tropeçou ao expor o nome de registro da vítima. Somente ao fim da reportagem eles se referiram ao nome social da vítima, mostrando fotos nas redes sociais e dizendo que ela era bastante vaidosa.
Vale dizer que uma das lutas pela cidadania plena da população trans e travesti é que ela tenha o nome social – o nome em que ela se reconhece e é reconhecida na sociedade – respeitado. Também que seja tratada de acordo com a sua identidade de gênero – o gênero em que ela se reconhece. Desta forma, é sempre “a” travesti, “essa” travesti, “dela”, “ela”. Caso contrário, há desrespeito e preconceito à vítima mesmo após a sua morte.
Sobre o caso, Edson confessou o crime e deve ser indiciado por homicídio. Uma mulher declarou na reportagem que conhecia a vítima e que era uma pessoa maravilhosa. “Quem conhecia sabia que ela não mexia com ninguém. Não era uma pessoa má, era uma pessoa maravilhosa”.