Por NLUCON
Após uma pequena pausa, o site NLUCON está de volta. E, para continuar escrevendo, produzindo e divulgando matérias sobre e para a população trans e travesti, lançou um novo financiamento coletivo (uma vaquinha) nas redes sociais. E você pode contribuir com qualquer valor clicando aqui.
O site é produzido pelo jornalista cis aliado Neto Lucon, que desde 2004 visa quebrar preconceitos e mostrar outras histórias envolvendo a população trans e travesti. Ele conta com mais de 5 prêmios de jornalismo, dado pela própria militância T, bem como o prêmio Thelma Lipp e Claudia Wonder. Mensalmente tem 1 milhão de acessos e chega a pautar grandes veículos nacionais.
Ele afirma que começou o trabalho por meio da amizade com Claudia Wonder (1955-2010), que conheceu aos 14 anos e que desde então denunciava a transfobia da mídia tradicional e incentivava um trabalho jornalístico humanizado, respeitoso e longe de estereótipos à população trans e travesti. Desta amizade, Neto fez diversas outras amizades e criou uma página para falar sobre esta população, uma vez que os sites LGBT eram em sua maioria voltada para a orientação sexual de pessoas cisgêneras.
Apesar do sucesso de audiência e do reconhecimento pelo seu conteúdo, O NLUCON não encontra patrocínio das grandes marcas. “Não é segredo que um trabalho que seja voltado para a população trans e travesti não tenha investimento e sofra transfobia por tabela. Das tentativas, muitas marcas simplesmente não respondem, outras dizem que não querem se atrelar a essa população ou então dizem que não é público alvo. Então, a gente acaba recorrendo a quem consome e apoia o trabalho, nossos leitores e leitoras”.
Neto e Claudia Wonder em 2007: a grande incentivadora do trabalho
Com Bianca Mahafe e Kimberly Luciana Dias na Parada
No início do ano, Neto chegou a cogitar encerrar definitivamente o trabalho. Ele afirma que a falta de reconhecimento, apoio e investimento provoca uma série de problemas, inclusive pessoais, envolvendo questões financeiras e de saúde, que impossibilita continuar com a página. Também afirma que diversas empresas jornalísticas passaram a não dar mais oportunidades de trabalho por estar tão atrelado ao tema.
“Já tentei levar o NLUCON paralelamente e me inserir em outro trabalho, mas já aconteceram situações de preconceito. Quando a empresa descobre que tenho contato com a população trans, geralmente pede para eu fazer algo sobre ela, porém na edição acaba desrespeitando o nome social ou a identidade de gênero. Quando eu tento sensibilizar, cria-se um desconforto e eu já cheguei a ser demitido. Também tenho escutado coisas horrorosas em entrevistas de emprego, como por exemplo apagar a página ou usar um pseudônimo para ‘não pegar mal’”, conta.
Neto revela que resolveu voltar com o site a pedido dos leitores e leitoras e também como mais uma tentativa de resistência. “Em tempos de tanto conservadorismo, é uma pena perder um trabalho de 14 anos. Também admito que não consigo ficar muito tempo longe, pois é o que eu definitivamente amo fazer, sei fazer e acho que ainda posso contribuir muito. Tanto que diariamente muita gente me pede para escrever matérias. Voltei e vou continuar até o fim, independentemente de qualquer coisa”.
Dentre os desafios, o jornalista diz que está o de criar uma rede de apoio e de sobreviver aos ataques. “ Sinto falta de uma rede de apoio, de pessoas querendo escrever, de somar, que ajudem em nossas vaquinhas ou então compartilhem elas. Muitas vezes eu vejo que tivemos 1 milhão de acessos no mês, promovemos debates, mas não tivemos 100 compartilhamentos na vaquinha. Assim como quem critica tem o seu espaço, a gente precisa se fortalecer com quem gosta e apoia o trabalho, né? É por isso que peço o apoio de vocês para que a página possa existir e resistir por mais um tempo”.
Você pode contribuir com a vaquinha clicando aqui.