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Por Neto LuconFotos: Rafael Sant’s
Duas atrizes pornôs trans levaram pela primeira vez na noite de terça-feira (28) o Prêmio Sexy Hot, considerado o Oscar Pornô Brasileiro. Em sua terceira edição, o evento – que rolou em uma casa de eventos em São Paulo – trouxe pelo menos seis atrizes trans concorrendo e categorias específicas.
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As vitoriosas foram Sheyla Wandergirlt em “melhor cena transexual” pelo filme “TrannyBrazil”. E Bruna Butterfly como “Melhor atriz transexual”. A primeira foi escolhida por meio do juri técnico formado por Xico Sá, Clara Aguillar e David Cardoso. Já Bruna foi eleita por votação do público.
“Desde que comecei no pornô, eu sempre sonhei com isso: ser famosa, receber um prêmio… Por mais que este seja o único caminho dado a nós, travestis e transexuais, eu considero gratificante e importante esse reconhecimento”, diz Sheyla, que tem quatro anos de carreira.
Com cinco anos no porna, Bruna afirma que vem conquistando oportunidades por conta dos filmes estrelados. “Estou muito feliz porque é a segunda vez que eu concorro e, ganhar como melhor atriz transexual, é uma coisa muito boa. É um ramo que eu escolhi e que está abrindo algumas portas”, diz ela.
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Neste ano, a organização do Prêmio Sexy Hot decidiu criar duas categorias específicas para atrizes pornôs trans. Isso porque, na edição de 2015, as atrizes trans concorreram com atrizes cis de cenas lésbicas, perdendo em todas as categorias.
Diretores e atrizes trans consideraram a disputa de 2015 desleal por se tratar de públicos diferentes, além de o machismo prevalecer em relação à população trans. Agora, todos comemoram a divisão.
“O fato de eles terem acatado os pedidos e ramificado a premiação LGBT mostra que estamos tendo mais visibilidade no meio. Eles estão de parabéns e sabem que filmes trans vendem até mais que filmes héteros (cis) e gays”, declarou Hilda Brasil, que concorreu na categoria “melhor cena transexual”.
OS FAMOSOS
Sem ficar devendo nada a nenhuma outra premiação, o Sexy Hot contou com tapete vermelho, decoração de gala e a apresentação de Leo Jaime. A entrega dos prêmios foi realizada por celebridades, bem como MV Bill, Rachel Pacheco (a Bruna Surfistinha), Solange Gomes, João Vicente de Castro. As atrizes Rogéria e Carol Marra também estiveram por lá.
“Eu achei inusitado o convite porque não sou a maior apreciadora desse segmento. Ao invés de assistir, eu prefiro fazer. Mas acho importante a premiação, porque eles são artistas também. Não vamos discriminar só porque eles fazem sexo, já que todo mundo também faz sexo. Eles merecem os nossos aplausos”, disse Carol.
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No palco, a modelo Solange Gomes disse que sabe que as travestis podem ser muito melhor que qualquer homem. O cantor Anderson, do Molejo, afirmou que não tem qualquer tipo de preconceito na cama e que “come de tudo”.
E João Vicente, conhecido pelo Portas dos Fundos, defendeu que há uma grande hipocrisia na população brasileira, que é a que mais consome filmes pornôs e ao mesmo tempo é que tem preconceito contra esses profissionais. O NLUCON lembra também que é que mais consome filmes pornôs trans ao mesmo tempo em que é o país que mais mata essa população no mundo.
Questionada se há apenas um pequeno detalhe entre uma mulher cis e uma mulher trans, Rogéria soltou: “Às vezes não é só pequeno. Eu que o diga”. Já a atriz Nicole Puzzi relembrou os tempos da pornochanchada e diz que se sente responsável pela liberdade e indústria pornográfica brasileira. “Eu e o David Cardoso Jr. Somos os precursores e é por isso que eu acredito que devemos estar aqui e recebendo essas homenagens”.
O PRÊMIO
Além das categorias trans, a noite trouxe outras quatro categorias referentes à comunidade LGBT. Venceu em “revelação do ano” a mulher cis lésbica Grazzie, do filme Tatto Safada. Ela concorria com o ator pornô gay Andy Star (O Segurança Gostoso) e a atriz trans Carol Penelope (CaroXTony Lee).
Em “melhor atriz homo”, Bárbara Costa levou a melhor em “Enquanto ele não vem”. “Era a categoria que eu mais queria levar. Eu amo mulher”, disse. Na Melhor “cena homo feminino”, venceu Grazzie.
Já na categoria melhor “ator homo”, Andy Star foi o premiado e se emocionou durante o discurso. “Estou muito feliz e emocionado, porque além do preconceito por ser gay, sofro muito preconceito por ser ator pornô”. Andy concorreu com Danilo Prates (No Vestiário) e, curiosamente, com Kamfer – que estrelou um filme hétero com a travesti Felipa Lier.Entre os héteros cisgêneros, a grande vendedora foi Patrícia Kimberly, que faturou quatro prêmios. Dentre eles, melhor cena de dupla penetração, melhor cena de fetiche e melhor cena de orgia.
Após a premiação, rolou música, drinks, champanhe e aperitivo aos convidados.
DIA DO ORGULHO LGBT
Durante o evento, foi ressaltado que se tratava do Dia do Orgulho LGBT. Sendo assim, várias mensagens de inclusão e apoio à diversidade sexual e de identidade de gênero foram feitas. E todo e qualquer comentário possivelmente transfóbico ou machista foi repudiado pela plateia. Os únicos momentos de preconceito relatados por algumas trans ocorreu no tapete vermelho, onde alguns fotógrafos faziam piadas nas costas das atrizes, perguntando “é benino ou benina?”.
Aliás, as meninas mandaram (muito) bem no tapete vermelho, viu?
Além das vencedoras, arrasaram na festa as atrizes trans Hilda Brasil, Adriana Rodrigues, Walkiria Drummond, Nathaly Gomes – que também concorreram nas categorias LGBT e trans – entre outras.
O diretor de filmes com trans, Louie Damazo avalia o evento como positivo. “Está no caminho certo: valorizando as diferentes áreas do pornô, separando corretamente os gays, as lésbicas, héteros e trans. Foi mais justa e bem definida que as anteriores, mostrando que o canal está atenado com seus participantes e com seu público. Ano que vem estarei lá again”.
Confira cliques exclusivos aqui.
Adriana Rodrigues |
Confira todos os premiados: Melhor ator homo
Andy Star (“A obra”)
Kampfer (“Felipa Lier e Kampfer”) Danilo Prates (“No vestiário”) Melhor cena homo feminino Aline Rios e Giovana Bombom (“Orgia na piscina”) Bárbara Costa e Nicole Bittencourt (“Enquanto ele não vem”)
Grazzie (“Tatuadas hard core 4”)
Melhor atriz homo Aline Rios (“Orgia na piscina”)
Bárbara Costa (“Enquanto ele não vem”)
Sweetie Bird (“Apartamento 64”) Revelação do ano LGBT Carol Penelope (“Carol Penelope x Tony Lee”) Andy Star (“O segurança gostoso”)
Grazzie (“Tattoo safada 2”)
Melhor atriz transexual
Bruna Butterfly (“Bruna Butterfly x Rayka Rafize x Allana Ribeiro”)
Sheyla Wandergirlt (“TrannyBrazil”) Adriana Rodrigues Melhor cena transexual Carla Novaes, Walkiria Drummond e Hilda Brasil (“Carla Novaes X Walkiria Drummond X Hilda Brasil”)
Sheyla Wandergirlt e Yago Ribeiro (“Trannybrazil”)
Nathaly Gomes e Enzo Rios (“Nathaly Gomes e Enzo Rios”) Melhor filme hétero “As fantasias de Paty”, de Eduardo Azevedo “Fábio Gump – O comedor da história”, de Binho
“Fight for fuck”, de Marco Cidade
Melhor diretor
Binho (“Fabio Gump – O comedor da história”)
Marcos Morais (“Filme: Femdom SA”) Giovanni Jr. (“Sonhos eróticos ‘Profissões'”) Melhor ator hétero
Vinny (“Bundinha gostosa”)
Ed Jr. (“As safadinhas”) Yuri (“Sortudo e p…”) Melhor atriz hétero Soraya Carioca (“Soraya e seu harém de 100”) Bárbara Costa (“Fight for fuck”)
Melissa Pitanga (“Terapeuta sexual”)
Revelação do ano hétero Sara Nakama (“Sonhos eróticos ‘profissões’ – O motoboy”) Mary Luthay (“Femdom SA”)
Aline Rios (“Pornô fantasy 2”)
Melhor cena de sexo oral Cindy Blueberry e Ed Jr. (“Sonhos eróticos ‘Profissões’ – O mecânico”)
Mila Spook, Bárbara Costa, Yago Ribeiro e Alemão (“Duelo de boquete 2”)
Ana Julia e Yuri (“Sortudo e pirocudo”) Melhora cena de sexo anal
Soraya Carioca e Fábio Lavatti (“Fábio Gump – O comedor da história”)
Kamila Werneck e Ed Jr (“Cornolândia 2”) Pandhora e Vinny (“Encurrabadas”) (“Adriana Rodrigues, Gabriella Ferrari e Tony Lee”) Melhor cena de dupla penetração
Patricia Kimberly, Tony Tigrão e Ed Jr. (“As fantasias de Paty”)
Thayana Lima, Fabinho e Capoeira (“Black brothers”) Cris Brasil, Yuri e Kojac (“Terapeuta sexual”) Melhor cena de ménage
Patricia Kimberly, Tony e Ed. Jr. (“As fantasias de Paty”)
Ana Júlia, Falcon e Yuri (“Disk M para…”) Cris Brasil, Yuri e Kojac (“Terapeuta sexual”) Melhor cena de fetiche
Patricia Kimberly, Tony Lee e Corno Mor (“Cornolândia 3”)
Aline Rios e Brad Montana (“Brad: 50 tons mais perverso”) Mica Andrade e Catrinha (“Fofoletes”) Melhor cena de orgia/gang bang Paty UPP, Wallery, Dino, Vinny e Yuri (“Taras de um fotógrafo”) Soraya Carioca, Ariely Almeida, Naty Harper, Hudson Carioca e Fábio Lavatti (“Soraya Carioca e seu harém de 100”)
Patricia Kimberly, Giovana Bombom, Kojac, Vinny Burgos e Yuri (“Orgia na piscina”)