Por Neto Lucon
A travesti Mirella de Carlo, que trabalhava como profissional do sexo e também era bastante atuante nas redes sociais, foi encontrada morta neste domingo (19) dentro de sua casa, na Rua Passos, no bairro Carlos Prates, em Belo Horizonte.
Em seu perfil, ela desejava um 2017 com prosperidade, saúde e paz |
A ativista e amiga Gisella Lima, que chegou junto com o Samu, informa que a vítima estava no chão, nua e apresentava sinais de agressão, com a boca e nariz machucados e um lençol rasgado na cama. A Polícia diz que ela estava na cama e com um lençol enrolado no pescoço.
A perícia da Polícia Civil e o carro do Instituto Médico Legal (IML) foram chamados e levaram o corpo. A polícia não informou sobre suspeitos e até o momento ninguém foi preso.
Natural de Aracaju, Sergipe, Mirella era considerada uma pessoa educada, meiga e comunicativa, sobretudo nas redes sociais. É por isso que amigas e amigos ficaram chocados com a morte, prestaram homenagens e pedem justiça.
Recentemente, Mirella ganhou o prêmio de travesti mais participativa da comunidade Mundo T-Girl, por meio de uma votação das próprias integrantes do grupo, que fala sobre a vivência de travestis e mulheres transexuais.
Feliz com o prêmio em mãos, ela gravou um vídeo em que disse: ‘Quero agradecer a todas as vocês que me deram o prêmio e as moderadoras que nos dão espaço para trocarmos experiência e convivermos umas com as outras.Beijo a todas vocês”. Veja a homenagem no site Mundo T-Girl clicando aqui.
Em uma entrevista publicada no Facebook, ela falou que não é travesti por escolha e que existe muito preconceito: “Se você tem a opção de ser feliz e a opção de sofrer preconceito, porque você vai sofrer preconceito? Então não existe escolha. Você é. E ser travesti você sofre o dobro, você dá a sua cara a tapa. Gay ainda dá para você disfarçar. Mas travesti é muito marginalizada”.
Em um site voltado para programas, fizeram uma homenagem para Mirella: “Não existe partida para aqueles que permanecerão eternamente em nossos corações”. in memorian”.
Mirela é a oitava travesti assassinada somente no mês de fevereiro no Brasil, de acordo com a Rede Trans Brasil. O país é considerado o país que mais mata travestis, transexuais e outras transgeneridades no mundo.
TRANSFOBIA
Apesar de Mirella ser uma travesti, ou seja, uma pessoa do gênero feminino, o site G1 publicou uma nota chamando-a de “o” garoto de programa. Isso programa que a imprensa ainda não respeita a identidade de gênero das pessoas trans.
A militância informa que travestis e mulheres transexuais devem ser tratadas por artigos e pronomes femininos, informando apenas o nome social. Já homens trans por artigos e pronomes masculinos, em respeito a identidade de gênero da pessoa.