“Vai ter mulher transexual no Miss Rio de Janeiro, sim”, anuncia modelo Náthalie Oliveira admin Fevereiro 12, 2019

“Vai ter mulher transexual no Miss Rio de Janeiro, sim”, anuncia modelo Náthalie Oliveira

A modelo e youtuber Náthalie Oliveira, conhecida por participar e vencer diversos concursos de beleza para mulheres trans, participa no dia 26 de janeiro do Miss Rio de Janeiro Be Emotion 2019. É a primeira vez que uma mulher transexual participa da competição ao lado de mulheres cis.

Aos 25 anos, Náthalie representa o município de Bom Jardim, onde reside, e disputa a faixa e a coroa com outras 14 mulheres, todas cisgêneras. O Miss será transmitido ao vivo pelo canal oficial do Miss Rio de Janeiro Be Emotion no YouTube. A vencedora será selecionada para o Miss Brasil Be Emotion, a etapa nacional do Miss Universo.

Em suas redes sociais, Náthalie anunciou: “Com muito carinho e calor no coração que venho incendiar a timeline de vocês. Pois bem, se preparem porque vai ter mulher transexual no Miss Rio de Janeiro sim”, escreveu.

André Luz, coordenador do evento, comentou sobre a presença da modelo trans: “O concurso incentiva a diversidade, tão necessária hoje em dia em nossa sociedade, e estimula suas candidatas a cultivar a apostar em projetos sociais e utilizar seu título para ajudar ao próximo, que é o grande propósito dos concursos de beleza. A beleza é, acima de tudo, de dentro para fora”.

Náthalie no Miss T e Miss International Queen Miss atualmente trabalha como modelo / @stiloeousadia

Náthalie declarou que seus seguidores sabem de sua trajetória no mundo miss e o quanto se dedica para representar todas as mulheres do país. “Dessa vez não será diferente”, promete. A bela já concorreu ao Miss T Brasil durante três vezes (de 2013 a 2015) e na terceira conseguiu levar a coroa. No ano seguinte, disputou o Miss Internacional Queen, na Tailândia, e acabou ficando com a segunda colocação.

Em 2017, Náthalie falou com o NLUCON sobre os concursos de miss e sua trajetória em prol de sua identidade (leia aqui). “Ser miss não era um sonho, mas acabou se tornando. Em 2013, eu era uma garotinha gordinha do interior que recebia elogios, então achava que era capaz de vencer. Não ganhei, mas não fiquei chateada. No ano seguinte, um dos prêmios era a cirurgia de redesignação sexual, então me inscrevi pensando na cirurgia, não no título. Já em 2015, fui para provar para mim mesma que, se eu corresse atrás, eu poderia ser miss. Já tinha consciência de querer representar a classe, o município e ter a coroa”.

Como prêmio do concurso, Náthalie realizou a cirurgia de redesignação genital, popularmente conhecida como mudança de sexo. Atualmente a bela namora e faz trabalhos como modelo e youtuber no canal Princess Online.

A presença de Náthalie em um concurso tradicionalmente ocupado apenas por mulheres cis sinaliza as políticas de inclusão, além da consciência da pluralidade de ser mulher. No último ano, a miss espanha Angela Ponce tornou-se a primeira candidata trans a participar do Miss Universo em 66 anos do concurso. Angela não venceu, mas recebeu uma emocionante mensagem de respeito e acolhimento da organização. Sua participação só foi possível porque em 2012, a modelo Jenna Talackova participou do Miss Candá, levantou a discussão e tirou a proibição em cima das mulheres trans. Jenna também não levou a faixa.

Náthalie Oliveira (crédito: @featsabi)