Por Neto Lucon
A passos lentos a imprensa mundial tem entendido a importância da representatividade. Em 2017, algumas publicações se atentaram para mulheres negras, travestis, mulheres transexuais, homens trans e trouxeram essas pessoas para a capa.
Fato, este, que faz muita gente comemorar o pioneirismo, mas também lamentar a realidade transfóbica de que nunca ou quase nunca temos uma representante no passado.
Vale dizer que grande parte das publicações ainda tropeçam na abordagem, termos e em frases prontas, no desrespeito e até em “elogios transfóbicos”. Isto mostra que, muito mais que o lacre de brilhar na capa às vezes, o mais importante é que a população seja valorizada, escutada, ouvida e que brilhe na capa regularmente.
O NLUCON selecionou 17 capas com travestis, mulheres transexuais e homens trans em 2018 no Brasil e em alguns lugares do mundo. Que em 2018 haja muito mais capas e melhores abordagens!
Época Negócios (junho)– Márcia Rocha
A revista falou sobre inclusão da diversidade em grandes empresas e trouxe a advogada travesti Márcia Rocha, que faz parte da plataforma TransEmprego, na capa. “Uma boa visibilidade é fundamental para romer com os estigmas e preconceitos. Dá para imaginar os preconceituosos e fundamentalistas vendo essa revista?”, declarou ela ao NLUCON.
Elle Brasil (julho) – Valentina Sampaio
A modelo posou pela segunda vez para a revista Elle Brasil – a primeira em que foi capa. Agenciada pela Joy Model, Valentina posou para um editorial de moda com peças que brincaram de ilusão de ótica com tecidos finos e transparentes. A fotógrafa foi Nicole Heiniger.
Elle Brasil (dezembro) – Lea T
Numa edição especialíssima, a revista trouxe diversos artistas, dentre eles a modelo Lea T (Cerezzo), reproduzindo obras de arte clássicas. A modelo encarnou lindamente “O Nascimento de Vênus”, de Sandro Botticelli.
TPM (setembro) – Amara Moira
“O futuro é feminino?”. Com essa pergunta, a revista trouxe pela primeira vez uma travesti na capa. A escolhida foi a doutora em literatura, ex-profissional do sexo Amara Moira, que se despiu para a capa e para a entrevista.
Vogue Paris (fevereiro) – Valentina Sampaio
Dentre outras capas que Valentina Sampaio fez internacionalmente, é preciso destacar a Vogue Paris. Foi a primeira vez que uma modelo transexual posou para a capa da revista. Ela foi fotografada por Mert Alas e Marcus Pigot e foi comparada com modelos históricas, como Gisele Bündchen.
National Geographic Brasil (Janeiro)
A primeira edição do ano trouxe o debate sobre gênero e identidade. Intitulada “A Revolução do Gênero”, a revista especial trouxe o relato de jovens do século 21 com diversas identidades. Na edição norte-americana, a capa também foi de uma criança trans.
Veja (novembro) – Carolina Almeida
A edição 2552 narrou histórias de famílias com filhos e filhas trans. O viés foi “a saga dos pais”, mas a mensagem foi de que o acolhimento é a melhor opção. A capa contou com o pai Anderson com a filha Carolina, de seis anos.
Veja Rio (março) – Gab
Distribuída no Rio de Janeiro como complemento da Veja tradicional, a publicação falou sobre pais e mães que acolheram seus filhos e filhas trans. Na imagem de capa, posou o homem trans Gab acompanhado dos pais. A revista tropeçou em termos incorretos e abordagens.
Marie Claire (março)- Lea T
No Mês Internacional da Mulher, a publicação trouxe Lea para a capa. Ela representou a “Força Feminina” e a diversidade. No título: “Trans, Gordas, Negras, Índias, Orientais, Idosas, Deficientes, Lésbicas, uma edição especial que celebra as diferenças que nos tornam únicas”.
Vogue Brasil (dezembro) – Valentina Sampaio
Com clima de festa, Valentina posou, não para uma, mas para DUAS capas alternativas da revista Vogue Brasil. Em uma ela aparece divando num vestido Forum. Em outra, ela toma uma ducha com maiô Hope toda sorridente. O título é “ria mais, ame mais em 2018”
Claudia (dezembro) – Maria Clara Spinelli
A atriz que atuou na novela “A Força do Querer” (TV Globo) dividiu a capa com Djamila Ribeiro, Taís Araújo, Luiza Helena Trajano, Rachel Maia e Laís Banzy. No título, a publicação diz que elas lideraram as conversas este ano e que estão prontas para a ação em 2018.
Você S/A (dezembro)
A revista garante que cresceu quase 300% o número de empresas interessadas em capacitar, contratar e incluir o público trans. Ela diz ainda que isso “é uma vantagem competitiva para as companhias e para os profissionais que trabalham nelas”. Tropeçou logo na capa ao usar trans como “substantivo”.
ALGUMAS CAPAS INTERNACIONAIS
GQ Portugal (abril) – Andreja Pejic
Depois de ter sido eleita a modelo do ano pela publicação, a modelo trans autraliana tornou-se capa de duas versões da revista voltada ao público masculino. “Eu diria que essa capa representa a conquista da minha tão aguardada vingança contra todos os meninos que não queriam segurar minhas mãos em público”.
Attitude (novembro) – Laverne Cox
A revista gay norte-americana trouxe ninguém menos que a atriz de “Orange is The New Black” na capa. E ainda disse que ela é a inspiração do ano. Na revista, Laverne fala sobre transfobia, relacionamento e mostra união com todas a letras da sigla LGBT.
FTM Magazine (dezembro) – Malcolm Ribot
Todos os mês há o lançamento de uma revista norte-americana voltada exclusivamente aos homens trans. O modelo deste mês é o belo e militante pelos direitos das pessoas trans Malcolm Ribot.
Playboy norte-americana (dezembro) – Ines Rau
A modelo trans é a primeira da história a ser oficialmente uma Playmate (a coelhinha do mês, que estampa o pôster central da publicação). A escolha foi do próprio criador, Hugh M. Hfner, que morreu neste ano e foi homenageado na capa.
GayTimes (dezembro) Laith Ashley
Um dos modelos trans mais bem sucedidos da atualidade, Laith vem fazendo sucesso nas publicações voltadas aos admiradores da beleza masculina. A Gay Times é a segunda capa que ele fotografa.
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